terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Capítulo 39

 No outro dia acordei bem cedinho com a claridade invadindo o quarto e pensei mentalmente que poderia ter uma cortina ali. Com bastante dificuldade abri meus olhos, peguei meu celular e ainda eram quinze para às nove da manhã, fiquei deitada até quase dez horas até a enfermeira bater na porta.
Enfermeira: Bom dia
Gabis: Bom dia - Forcei um sorriso porque a dor no meu tornozelo estava voltando aos poucos.
Enfermeira: Vim te dar mais uma dose de medicação, como está esse tornozelo ?
Gabis: Aquela dorzinha chata está voltando.
Enfermeira: Você fez algum esforço ?
Gabis: Nem levantei daqui, a propósito, eu preciso de ajuda para tomar um banho.
Enfermeira: Acho melhor você fazer só suas higienes pessoais mesmo e quando for dormir você toma um banho.
Gabis: Melhor mesmo, dá tanto trabalho tomar banho com isso - Apontei para o gesso no meu pé, ela riu e terminou de aplicar a medicação no acesso que estava no meu braço.
Enfermeira: Vou te ajudar a chegar até o banheiro.
Gabis: Eu preciso de algumas roupas, minha mãe está no hospital ?
Enfermeira: Não, doutora Patrícia não vem hoje. - Respondeu me ajudando a levantar da cama e ir até o banheiro. - Ontem, quase no finalzinho do horário de visita, veio um rapaz aqui no seu quarto.
Gabis: Um rapaz ? - Me virei para ela instantaneamente.
Enfermeira: Sim, eu avisei que você não iria acordar por conta da medicação mas ele insistiu em vir do mesmo jeito, ficou pouco mais de quinze minutos, conversou com a sua mãe e foi embora. - Nessa hora, eu comecei a me lembrar que realmente tinha visto alguém abrir a porta mas estava com muito sono e não consegui acordar.
Gabis: Ele conversou com a minha mãe ?
Enfermeira: Conversou - Voltamos para o quarto e ela me ajudou a me deitar na cama. - E eles foram embora juntos.
Gabis: Não era meu pai ?
Enfermeira: Não, tenho certeza que não. Era um rapaz novo, alto, branquinho e tinha os cabelos pretos. - Quem me veio à mente logo de cara ? Sim, o Guilherme. Mas não podia ser, ele não viria me ver assim, ele ainda está chateado comigo, não tem sentido nenhum e pior, sabendo que eu não acordaria, ele insistiu em me ver mesmo assim.
Gabis: Eu preciso ligar pra minha mãe e aproveito para perguntar. - Ela terminou tudo o que tinha pra fazer, me disse para chamá-la qualquer coisa e saiu do quarto. Eu não perdi tempo, peguei meu celular e liguei pra minha mãe.
~~Começo da Ligação~~
Minha mãe: Alô ?
Gabis: Mãe ?
Minha mãe: Oi filha, tudo bem ?
Gabis: Na medida do possível sim e o Raj ?
Minha mãe: Nós, seus pais, estamos bem viu ? - Eu ri.
Gabis: Que bom que estão bem mãe - Respondi ainda rindo - Quero saber do meu filho mãe.
Minha mãe: Está com a Boo, ela disse que só vai trazer de volta quando você voltar pra casa.
Gabis: E eu vou voltar quando ?
Minha mãe: Já te disse, só mais hoje e, amanhã você já tem alta.
Gabis: Amanhã de manhã ?
Minha mãe: Eu não sei, isso vai depender do que o doutor achar.
Gabis: Dessa vez, eu vou falar com ele, não quero você interferindo dona Patrícia - Falei rindo.
Minha mãe: Tudo bem, tudo bem, acredito que depois do almoço você já vai ser liberada.
Gabis: Se Deus quiser. Mãe, eu preciso de umas roupas.
Minha mãe: Eu sei, vou pedir pro Gil levar pra você.
Gabis: Ta bom. Outra coisa mãe, a enfermeira me disse que veio alguém me visitar ontem, eu queria saber quem era.
Minha mãe: Aaaaaah filha, quer mesmo saber ?
Gabis: É quem eu estou pensando ?
Minha mãe: Foi o Guilherme. - Ficamos em silêncio. - Depois ele foi no meu consultório e fomos embora juntos. Mas antes de irmos embora, ele fez questão de te dar um beijo e eu pude ouvir ele dizer algo do tipo "como um cara torto feito eu foi merecer um anjo feito você ?" - Meus olhos se encheram de lágrimas e eu permaneci em silêncio. - Bi ?
Gabis: Oi - Respondi com a voz falhada.
Minha mãe: Você está chorando ?
Gabis: Não - Limpei duas lágrimas que rolaram sem eu perceber. - Eu só - Pausei - Não esperava que ele viesse.
Minha mãe: Vocês precisam conversar.
Gabis: Ele não quer conversar, eu já tentei.
Minha mãe: Espera um pouco, dá tempo ao tempo, todo mundo vê que vocês dois se gostam, só deixa a poeira baixar um pouco.
Gabis: Eu vou tentar mãe, vou tentar. Agora, manda o Gil trazer minha roupa logo, por favor.
Minha mãe: Ele já vai, fica quietinha aí.
Gabis: Até porque eu não consigo nem andar sozinha né mãe ? - Ela começou a rir.
Minha mãe: Eu tinha esquecido do seu pé - Respondeu ainda rindo. - Então se distrai aí que daqui a pouco seu irmão leva sua roupa.
Gabis: Ok, muito obrigada.
Minha mãe: Um beijo, fica com Deus.
Gabis: Outro, amém.
~~Fim da Ligação~~
 Liguei a televisão e fiquei procurando algo para assistir, acabei optando por um desenho, fiquei assistindo Os Simpsons até receber uma mensagem da Rafa.

Gabis ?
Oi Rafinha, tudo bom ?
Tudo, graças a Deus e aí ?
Tudo indo Rafa.
Adivinha com quem eu estou kkk
Não faço ideia hahahaha
Com quem ?
Qual parte do ADIVINHA você não entendeu ?
Hahahahahahahaha odeio isso de adivinhar, você sabe
Tá sua chata, eu vou falar.
Tô com a Gi
Em Sampa ???
Nããããooooo kkkkk aqui em Santos mesmo
Nós vamos te ver, ta bom ?
Claroooo hahaha
Aproveita Rafa, passa no meu apartamento e pega uma roupa pra mim porque se eu for esperar pelo Gil, ele vai trazer minhas roupas só ano que vem
Exagerada kkkkk passo sim, o Junior quer ir também, tem problema ?
Claro que não, fala pra ele vir sim.
Então nós vamos sair já, 15 minutinhos e estamos aí
Tudo bem, venhammmm hahaha
Beijoooo
Outro, Rafinha.

 Antes de bloquear o celular resolvi entrar no meu twitter, há séculos que eu não entrava.
"@gabisbelluz: Amando a ideia de ter que passar 3 dias nesse quarto de hospital ! Daora a vida"
 Por curiosidade entrei no do Gui para dar uma olhadinha e pronto, achei o que NÃO estava procurando.
"@guipitta_: Tudo na vida tem um propósito e isso aconteceu só para me mostrar que te amo ainda mais, minha pequena."
 Bloqueei o celular e fiquei um tempo olhando para a televisão mas sem prestar a minima atenção na programação. Será que ele tinha me perdoado ? Mas então porque não veio falar comigo ainda ? Porque não me mandou mensagem ? Não, deve ser coisa da minha cabeça mesmo, se ele tivesse realmente me perdoado teria voltado, teria ao menos me mandado uma mensagem dizendo querer conversar, ele não tinha me perdoado.
 Não sei ao certo quanto tempo fiquei pensativa mas fui despertada dos meus pensamentos com duas batidinhas leves na porta, pedi que entrasse e entraram a Rafa, a Gi e o Neymar.
Neymar: E aí pernetinha ? - Disse rindo, se aproximou e me cumprimentou com dois beijinhos.
Gabis: Vai se ferrar Júnior - Respondi também rindo e cumprimentando as meninas.
Rafa: Suas roupas amiga.
Gabis: Deixa aí no sofázinho que já já eu chamo a enfermeira para me ajudar a tomar um banho. - Ela assentiu. Eu olhei pra Gi e por conhece-la há tanto tempo, percebi em seu olhar que ela queria conversar comigo. - Júnior pega um copo d'água pra mim, por favor ? Mas tem que ser lá no andar de baixo que a água é melhor.
Neymar: Água é tudo igual sua frescurenta.
Gabis: Lá de baixo é mais gelada - Ri- É melhor, por favor.
Neymar: Já vou.
Rafa: Vou comprar alguma coisa na cantina, quer vir Gi ?
Gi: Não Rafa, vou ficar aqui com a Gabis. Mas compra umas coisinhas pra mim ? - Ela riu.
Rafa: Tipo o que ?
Gi: Qualquer coisa, salgados, doces - Pausou. - Não é salgado ou doce, eu disse certo, são salgados e doces porque eu estou com muita fome.
Rafa: Você acabou de almoçar sua gorda.
Gi: Não comi direito - Rimos.
Rafa: Quer alguma coisa Gabis ? - Neguei. - Vou lá então, já venho. - Saiu do quarto com o Neymar que estava esperando-a.
Gabis: Diga amiga.
Gi: Ainda bem que você me conhece - Sorriu. - Não queria ter que pedir pra Rafa sair e preciso muito conversar com você.
Gabis: É muito sério ? - Ela assentiu. - Então conta.
Gi: Você sabe que eu estou com o Dudu né ? - Assenti. Nem me lembrava mais, há uns meses atrás a Gi me disse que estava namorando mas eu ainda não tive a chance de conhece-lo. - Nós, acabamos transando umas duas ou três vezes sem camisinha e - Pausou e respirou. - minha menstruação está atrasada 34 dias.
Gabis: E você acha que - Ela não me deixou terminar.
Gi: Sim, eu acho que estou grávida. - Seus olhos se encheram de lágrimas.
Gabis: Ai meu Deus, amiga, mas você já foi ao médico ?
Gi: Ainda não, só consegui marcar consulta com a minha médica para a semana que vem. Mas não sei se faço um desses testes de farmácia antes.
Gabis: Faz amiga, claro que você faz, pelo menos nós tiramos a dúvida.
Gi: Mas esses testes nem sempre dão o resultado certo.
Gabis: Sim, mas dão 90% de certeza.
Gi: Vou fazer quando voltar pra São Paulo.
Gabis: Não, você vai fazer agora, compra um teste nessa farmácia aqui em frente e já faz. - Ela ia me responder mas não deu tempo, a Rafa entrou com o Júnior.
Neymar: Sua água - Me entregou o copo.
Gabis: Que demora - Ri. - Muito obrigada.
Gi: Gente, eu vou dar uma saidinha, já volto.
Gabis: Vai lá amiga. - Ficamos conversando um tempinho, chamei a enfermeira, ela me ajudou a tomar um banho e quando terminei a Gi já tinha voltado e me "abordou" na porta do banheiro mesmo, sussurrou um "negativo" seguido de um suspiro aliviado e nós voltamos para onde estavam a Rafa e o Júnior. A enfermeira me perguntou se eu precisava de mais alguma coisa, neguei e ela saiu.
Rafa: Tudo bem Gabis ?
Gabis: Eu só não estou conseguindo andar, mas estou bem sim - Ela riu.
Rafa: Exageradaaaa. Perguntei se estava tudo bem com esse coraçãozinho.
Gabis: Aaaaaaaah Rafa - Suspirei.
Rafa: Já entendi que está igual.
Neymar: Quer que eu fale com ele ?
Gabis: Não precisa Júnior, eu fiz de tudo já e não adiantou. - Ele deu de ombros.
Neymar: Eu vou indo então porque tenho treino. Vai ter alta quando ?
Gabis: Amanhã, se Deus quiser.
Neymar: Então tá, tchau fedidas.
Gabis: Tchau fedido - Rimos. Ele nos deu um beijo e saiu.
Rafa: Gi, me conta como você conheceu seu namorado. - A Gi sorriu, toda boba.
Gi: Eu tenho um amigo que é produtor de eventos e teve um da capricho alguns meses atrás e esse meu amigo conseguiu me colocar no camarote - Riu. - Por coincidência o Dudu estava apresentando o evento.
Rafa: Aí vocês se encontraram e se apaixonaram na hora ?
Gi: Não é conto de fadas assim também não Rafa. - Respondeu rindo.
Gabis: Não é conto de fadas mas é quase.
Gi: Ele virou um copo de refrigerante no meu vestido inteirinho, eu fiquei muito brava mas ele se desculpou todo fofo. - A Rafa a interrompeu.
Rafa: Aí vocês ficaram ?
Gabis: Rafaela espera - Falei dando um tapinha nela que estava ao meu lado.
Rafa: Continua Gi. - Riu.
Gi: Aí ele me disse "eu não posso fazer muita coisa agora mas se você me der seu whatsapp eu te prometo comprar outro vestido." e eu não tive como resistir né ? - Sorriu. - Nós saímos algumas vezes e quando ele foi me pedir em namoro, me deu um vestido junto com a aliança.
Rafa: Um verdadeiro príncipe - Rimos. - A família dele é chata ? Aquele pai dele, Emílio, tem uma cara de antipático.
Gi: Eles são uns amores Rafa, pelo menos comigo e com os meus pais eles sempre foram, tanto o pai quanto a mãe do Dudu.
Gabis: Que bom né ? E as fãs dele ? - Perguntei rindo.
Gi: Aaaaah, as fãs você sabe, algumas me odeiam, outras são umas fofas comigo, mas com o tempo a gente aprende a levar essas coisas.
Rafa: É verdade. Várias vezes amigas minhas foram xingadas só por causa de uma foto com o Jú, isso é normal, como você disse, com o tempo a gente acostuma com isso e aprende a lidar. Tomara que vocês sejam muito felizes Gi, de coração.
Gi: Obrigada Rafa, obrigada mesmo.
Gabis: Eu já falei tudo o que tinha pra falar, já sei essa história de cor e salteado - Nós rimos.
 Conversamos por mais um tempinho, eu almocei e pouco antes das meninas irem embora ouvimos duas batidas na porta, não tão leves assim e eu pedi que entrasse.
Boo: Ooooooi suas lindas.
Gabis: Oi amiga - Ela nos cumprimentou com beijinhos. - Ainda bem que você veio, as meninas já estão indo e eu não queria ficar sozinha. - Fiz bico.
Boo: Ô coitadinha da neném - Debochou. - Vim ver como você está.
Rafa: Nós já vamos então.
Gi: Quero tirar uma foto com a Gabis antes.
Rafa: Eu também quero - Disseram super animadas.
Gabis: Aaaaaaaah não, ainda não virei ponto turístico não.
Rafa: Deixa de ser chata. Boo, tira aqui pra mim, por favor. - A Rafa se deitou na cama comigo e a Boo tirou a foto. A Gi também quis se deitar e a Boo resolveu sair na foto também, deitamos as três, apertadas naquela cama e a Rafa tirou a foto. Logo em seguidas as meninas se despediram e saíram, nos deixando sozinhas.
Boo: Preciso te contar o estresse que rolou lá na sua casa agora, tia Patrícia até teve que sair do hospital e ir pra lá - Me preocupei na hora.
Gabis: Como assim ? O que houve ? Ninguém me conta nada também, que saco.
Boo: Adivinha quem foi lá na sua casa.
Gabis: Gui ? - Perguntei no mesmo instante.
Boo: Não, Thiago. E adivinha quem estava almoçando lá ?
Gabis: O Gui ?
Boo: Não menina - Riu. - Guilherme nem sabe de nada disso. Seu pai e o Gil estavam almoçando e eu estava lá porque fui levar o Raj. O porteiro nem anunciou e deixou ele subir.
Gabis: Meu Deus - Disse pasma - Meu irmão bateu nele ?
Boo: Não, mas quase. Eles três discutiram muito, seu pai e o Gil xingaram ele horrores, pedi pra dona Rosa ligar pra tia Paty e ela foi correndo pra lá, ainda bem, porque eu te juro que não sei o que aconteceria.
Gabis: Mas no fim deu em que ?
Boo: Tia Patrícia sentou na mesa e fez todos se sentarem, eles conversaram, contaram que o Gui terminou com você por culpa dele, mas no fim, aceitaram ele de volta.
Gabis: Aceitaram ?
Boo: Não só aceitaram como perdoaram e ainda convidaram para um almoço em família.
Gabis: Não acredito - Disse mais pasma ainda.
Boo: Bom, o almoço quem convidou foi a tia, mas seu pai e seu irmão perdoaram o Thiago e acho que ele vem te ver.
Gabis: Eu gosto do Thi, não como antes, mas gosto, ele é uma pessoa incrível, uma pena que vai embora.
Boo: Não vai mais.
Gabis: Não vai mais ? Bruna me conta tudo o que você sabe.
Boo: Ele disse que ia embora mais porque não aguentaria ficar aqui sem poder te ver.
Gabis: Ele me disse isso.
Boo: Mas ele está com saudade dos pais então vai tirar férias, visita-los e depois volta.
Gabis: Que bom, eu realmente estou muito feliz, mas sei lá, fico pensando que se não tivesse reencontrado o Thiago, ainda estaria com o Gui. - Disse com um ar tristinho e com os olhos já querendo transbordar.
Boo: Você tem que pensar que tudo acontece como tem que acontecer amiga, dá tempo ao tempo.
Gabis: Minha mãe disse a mesma coisa.
Boo: E você tem que admitir que nós estamos certas. - Eu fiquei em silêncio e ela decidiu mudar logo de assunto. - E os meninos amiga ?
Gabis: Da cone ? - Ela assentiu. - Eles não puderam vir, Ari me mandou uma mensagem antes deles voltarem para o Rio.
Boo: Papato parou com as frescuras ? - Eu comecei a rir.
Gabis: Bruna, deixa de ser insensível - Ela me acompanhou e deu uma mini gargalhada. - Ele está mais tranquilo, ainda cuida bastante de mim, mas está mais tranquilo. Acho até que conheceu alguém.
Boo: Ele te contou ?
Gabis: Não, ele não disse nada, mas vi umas fotos no insta dele. - A Boo nem teve tempo de me responder nada e alguém abriu a porta do quarto com uma certa agressividade.
Gil: E aí novas ? - Fechou a porta e se aproximou de nós duas.
Boo: E aí novo ? - Cumprimentou ele com um toque na mão.
Gabis: Que susto seu viado - Disse rindo.
Gil: Eu bati antes de entrar pô
Gabis: Ah você não bateu não - Nos cumprimentamos com dois beijinhos.
Gil: Não ? - Olhou para a Boo e ela negou. - Achei que tivesse batido, foi mal.
Gabis: Você não está nem com o crachá de visitantes Gilmar, como subiu ?
Gil: Eu vim com a mãe e subi com ela.
Gabis: Estou precisando mesmo falar com ela.
Gil: Sobre o Thiago ? - Assenti. - Melhor falar depois, quando você sair daqui e voltar pra casa. - Eu dei de ombros. - Estava almoçando ? - Apontou para o prato vazio que ainda estava em cima da mesinha, ao lado da minha cama.
Gabis: Não não, esse prato faz parte da nova decoração do quarto, sabia não ? - Ele me deu um tapinha na testa e nós três rimos. - Faz um tempinho já que acabei mas ninguém veio recolher ainda.
Gil: Deve ser por conta da confusão que está nesse andar. - Eu fiquei internada no andar da maternidade, por exigência da dona Patrícia que queria que eu ficasse mais perto de seu consultório.
Gabis: O que houve ? Não consigo saber o que acontece, não dá para ouvir nada aqui de dentro.
Gil: Não sei direito, ouvi por alto que aconteceu um acidente com um recém nascido.
Gabis: Aqui dentro do hospital ?  - Perguntei indignada e ele assentiu.
Gil: Pergunta pra mãe depois, ela deve saber. - O silêncio tomou conta do quarto. - Eu só vim te dar um beijo mesmo, tu vai sair amanhã ? - Eu assenti. - Acho que o Thiago vai vir te buscar, mas se ele não vier, eu venho.
Gabis: Ta bom, mas você já vai ?
Gil: Vou, tenho umas coisas na faculdade pra resolver.
Gabis: Vai trancar de novo Gil ?
Gil: Dá mais não, eu tentei.
Boo: Tio Léo sabe disso ?
Gil: Claro que não, mas eu vou contar. Vou partir então, depois a gente se fala Gabis.
Gabis: Tá Gil, juízo menino. - Ele deu uma meia piscadinha de olho para mim e soltou um beijinho.
Boo: Rola aquele bonde maroto pra casa ?
Gil: Opa, claro
Gabis: Você vai também ? - Perguntei visivelmente triste.
Boo: Já fiquei bastante amiga e amanhã você já sai também.
Gabis: É que eu detesto ficar sozinha aqui.
Gil: Cebola disse que talvez vinha, acho que o Cris também vem mais tarde com a Gladys.
Gabis: Sério ? - Meus olhos se iluminaram. Sempre me dei muito bem com a minha sogra e ela poderia me ajudar em relação ao Gui.
Gil: Sério, mas sabe que o Gui não vem, né ? - Assenti.
Boo: Vamos ? - Os dois se despediram de mim mais uma vez e antes de sair, o Gil me disse que pediria a alguém que viesse buscar meu almoço e eu ri.
 Liguei a televisão, e fiquei um pouco sentada sem prestar o minimo de atenção na programação. O Thi me mandou uma mensagem dizendo que me buscaria assim que eu tivesse alta e que tinha uma notícia muito boa para me contar, apesar de saber do que se tratava, disse que aguardaria ansiosa.
 Entrei no meu instagram e fui olhar as fotos que as meninas tinham postado.

Rafaela: Hoje eu tirei o dia só para ver essa preta com o pé prejudicado kkk melhoras meu amor, amo você ! @gabisbelluz

GiGoubert: Amizade é igual casamento: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. E eu estarei sempre aqui, independente da situação. Amanhã nós vamos estar te esperando em casa meu amor, já já está correndo de novo na orla de Santos @gabisbelluz

Boounzueta: Eu sei que as meninas já postaram mas é só para constar nos registros por aí que, sempre estaremos juntas, vai ser sempre uma pela outra, SEMPRE ! @gigoubert @gabisbelluz 

 Curti todas as fotos e decidi postar uma minha, só para atualizar mesmo e porque eu estava sem nada para fazer.

Gabisbelluz: Reza com fé que passa, que vem, que fica ! Se apega à esperança de que tudo é transitório, o que é forte sobrevive.

  Bloqueei o celular e logo em seguida ouvi leves batidas na porta, nem tive tempo de pedir que entrasse porque a pessoa já entrou.
Gabis: Sograaaa - Disse visivelmente animada e na hora nem percebi meu erro, mas logo o corrigi - Ai, desculpa, eu esqueci.
Gladys: Não tem problema minha norinha preferida - Me envolveu num abraço caloroso.
Gabis: Oi Cris - Ele se aproximou para me cumprimentar.
Cris: Tudo bom Gabis ?
Gabis: Tudo indo na medida do possível.
Gladys: Nós, lá em casa, ficamos preocupados quando soubemos que você estava internada.
Gabis: Aaah sogra - Me corrigi mais uma vez, bendita mania essa. - Ai desculpa, Gladys. - Ela abriu um sorriso meio amarelo para mim. - Eu estou internada porque minha mãe é exagerada, foi só uma reação alérgica, eu estou tomando medicação por conta da alergia e às vezes tomo por sentir muita dor no meu tornozelo, mas é normal, não precisava disso tudo.
Cris: Complicado ter uma mãe médica né ? - Disse rindo e nós o acompanhamos.
Gabis: Muito - Ri. - Ela fez a cabeça do médico que me atendeu só para que eu ficasse aqui, minha crise alérgica já até melhorou.
Gladys: Quando você vai ter alta ?
Gabis: Amanhã, provavelmente depois do almoço.
Gladys: Gil vem te buscar ? - Eu sabia que quem viria era o Thiago e não o Gil, mas não podia correr o risco do Gui saber disso, por isso, só assenti e já mudei de assunto.
Gabis: O Gui está bem ?
Cris: Está sim, normal.
Gladys: Cris, eu não vou mentir pra ela, a Bi precisa saber.
Gabis: Ele não está bem, não é ? - O Cris somente negou com a cabeça.
Gladys: Ele sente muito sua falta e olha que nem faz tanto tempo assim.
Gabis: E a culpa é minha - Disse com o olhar perdido.
Cris: Não é só sua, acho que ele devia ter te ouvido. Na verdade, nós nem sabemos muito bem o que aconteceu.
Gabis: Eu menti, deixando claro que por uma boa causa, não queria que nada atrapalhasse nosso namoro. Mas o Gui descobriu, claro, minha mãe sempre me ensinou que mentira tem perna curta mas, teimosa que sou, tinha que pagar pra ver. - Meus olhos já estavam quase transbordando e não precisou de muito para que as primeiras lágrimas rolassem sem que eu conseguisse controlar.
Gladys: Vocês conversaram depois né ?
Gabis: No dia seguinte ele foi lá em casa e me disse que precisava de um tempo, mas eu tenho certeza que ele disse isso só por não ter coragem de terminar tudo de uma vez. Eu amo tanto seu filho sogra - Mal consegui proferir as ultimas palavras porque já estava chorando mais uma vez e nem fiz questão de corrigir o "sogra", eu não queria perder essa mania, eu não queria perder o Guilherme.
Gladys: Ô minha linda - Me abraçou muito forte e o Cris me fez um rápido afago nos cabelos. - Eu vou conversar com ele hoje.
Gabis: Não vai adiantar - Desfizemos o abraço. - Mas uma coisa eu garanto, ele me pediu um tempo e eu não vou desistir do Gui, eu vou lutar pelo nosso relacionamento até o final, eu amo o Guilherme.
Cris: Ele também te ama, pode ter certeza.
Gladys: Ama mesmo, minha norinha preferida - Eu abri o melhor sorriso que pude, eu adorava quando ela me chamava assim.
 Conversamos até quase o fim do horário de visitas, a Gladys disse que queria conversar com a minha mãe, aproveitei e perguntei se ela podia dizer à minha mãe que eu queria conversar com ela, nos despedimos e eles foram embora. Dez minutinhos depois, duas batidinhas na porta, imaginei que fosse minha mãe já que o horário de visitas havia terminado, pedi que entrasse e o doutor Leandro entrou, acompanhado da enfermeira que estava "cuidando" de mim.
Doutor: Com licença Gabriela. - Fechou a porta. Ele carregava um par de muletas e as encostou na parede próxima a porta.
Gabis: Toda doutor.
Doutor: Como está esse pé ? - Se aproximou da cama para olhar meu tornozelo.
Gabis: Aaaah, eu ainda sinto um pouco de dor mas está melhorando bastante com a medicação.
Doutor: Fico feliz que os analgésicos estejam fazendo efeito. Vou te dar alta amanhã, tudo bem ?
Gabis: Claro - Ri - Não aguento mais ficar em cima dessa cama.
Doutor: Eu imagino, mas mesmo em casa, você vai precisar ficar de repouso viu ? - Eu assenti. - Era pra te dar alta antes mas sua mãe achou melhor ficar até sexta-feira.
Gabis: Minha mãe é uma exagerada - Revirei os olhos, o que os fez rir.
Doutor: Trouxe esse par de muletas para te ajudar a caminhar. - A enfermeira pegou as muletas, eles me ajudaram a levantar da cama e o doutor pediu que eu caminhasse um pouco pelo quarto. - Não força esse pé, ainda é muito cedo pra você tentar colocá-lo no chão. - Me sentei novamente na cama.
Gabis: Eu vou ficar muito tempo com esse gesso ?
Doutor: Vou te dar alta amanhã, você mantém o repouso durante o final de semana e vou marcar uma consulta na terça-feira e nós olhamos esse tornozelo direitinho.
Gabis: Tudo bem então, obrigada Doutor.
Doutor: Vou deixar você se preparar pra dormir, boa noite Gabriela.
Gabis: Boa noite doutor. - Ele saiu do quarto, me deixando somente com a Paloma.
Enfermeira: Você prefere jantar antes do banho ?
Gabis: Acho melhor tomar um banho antes e depois eu já como e vou dormir. - Ela me ajudou a chegar até o banheiro, tomei um banho rapidinho, coloquei meu pijama e voltei a me deitar. Paloma disse que as meninas já trariam meu jantar e não demorou muito para que elas estivessem lá no quarto, comi, me levantei e fui até o banheiro com as muletas, escovei os dentes e fiquei assistindo televisão até pegar no sono.
~~ No dia seguinte ~~
 Acordei quando senti alguém acariciar meus cabelos, abri os olhos com muita dificuldade por ainda estar morrendo de sono e pude ver quem estava ao meu lado.
Thiago: Bom dia dorminhoca - Eu sorri, sem graça.
Gabis: Bom dia, não sabia que você viria tão cedo. - Me sentei na cama e ele se sentou na poltrona ao meu lado.
Thiago: Não é cedo, são quase onze e meia da manhã já.
Gabis: Meu Deus, eu dormi muito - Ele riu. - As meninas devem ter vindo entregar meu café da manhã e eu nem vi.
Thiago: Você vai ter alta depois do almoço.
Gabis: Como sabe ?
Thaigo: Sua mãe e eu fomos conversar com o doutor assim que eu cheguei.
Gabis: Vou tomar um banho então, meu almoço vai vir por volta de meio-dia e aí eu já fico pronta para ir embora.
Thiago: Quer ajuda ?
Gabis: Só pega essas muletas pra mim que eu consigo chegar até o banheiro. - Ele fez o que eu pedi e me entregou as muletas.
Thiago: Mas para tomar banho você consegue se virar sozinha ?
Gabis: Consigo sim, fica tranquilo, vou tomar um banho rapidinho. - Ele assentiu. Fui até o banheiro e tomei, ou melhor, tentei tomar um banho e realmente me virar sozinha, mas vi que precisaria de ajuda a partir daí. Terminei rapidinho, escovei os meus dentes, separei uma roupinha bem básica porque não conseguiria passar nada pelo gesso, então era melhor que minhas pernas ficassem a mostra.


 Me vesti, fiz um coque bem mal feito no cabelo e saí do banheiro. Meu almoço já estava lá me esperando.
Thiago: Sua mãe veio aqui. - Disse assim que eu me sentei para comer.
Gabis: Nem me esperou, estou querendo conversar com ela desde ontem.
Thiago: Ela disse que ia falar com o doutor para adiantar sua alta.
Gabis: Ai que ótimo. - Terminei de comer conversando com o Thiago, ele me contou o que havia acontecido no meu apartamento e eu, fingi surpresa só para não estragar aquela carinha de felicidade dele.
 O doutor Leandro entrou acompanhado da doutora Patrícia que fazia questão de estar presente. Fizemos todos os procedimentos e eu finalmente tive alta, minha mãe disse que quando chegasse nós conversaríamos. O Thi me ajudou com as minhas coisas e nós fomos embora no seu carro. Estávamos subindo para o meu apartamento e ele ficou me observando, o que me deixou super sem graça.
Thiago: É tão bom subir pro seu apartamento e saber que não vou ser mal recebido.
Gabis: É bom mesmo, eu te disse que é ótimo nós dois sermos amigos e viver em harmonia.
Thiago: Eu também acho - Deu um beijo na minha testa antes de entrarmos no meu apartamento.
 Ele levou minhas coisas no meu quarto, eu matei a saudade do meu filho que veio correndo quando me viu. O João e a Gi estavam lá e ficaram a tarde toda; João e o Thiago foram embora antes do jantar e a Gi dormiu lá em casa; minha mãe fez plantão então não conversamos, a Gi me ajudou a tomar um banho e depois nós dormimos, finalmente eu dormi na minha cama, não aguentava mais aquele hospital.

CONTINUA...
Meus amores, resolvi postar esse ultimo capítulo antes de janeiro, fiz um bem grande para vocês ficarem até o dia 10. Espero que gostem e comentem bastante por favoooooor
 Fiquem com Deus <3



segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Voltando

 Oi amores ! Bom, graças a Deus as coisas melhoraram e as turbulências pelas quais eu estava passando, já se acalmaram. Tudo demorou mais do que eu tinha previsto mas o importante é que agora eu vou voltar a cuidar da história com todo carinho.
 A partir do dia 10 de janeiro eu volto a postar um capítulo por semana e vamos com tudo agora porque ainda tem muita coisa para acontecer.
 Quero agradecer pela paciência e compreensão de vocês e agradecer por não terem desistido da história, assim como eu não desisti.
 Boas festas amores, fiquem com Deus <3

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Capítulo 38

Gabis: Papato, por favor, eu não quero.
Papato: Já disse que você não tem querer, seu pé ta inchando.
Gabis: Eu sei mas é só uma torção, vou dar uma enfaixada e daqui uns dias melhora.
Papato: Onde estão seus documentos ? Ari, sobe lá pra avisar a galera.
Gabis: Papato, por favor. - Eu já não sabia se estava chorando de dor ou porque iria ao médico. Sempre detestei hospitais e aqueles médicos todos de branco me davam pavor, apesar de ter convivido a vida toda com a Patricia nesse ramo.
Papato: Seus documentos estão aqui ? - Perguntou abrindo a minha bolsa.
Gabis: Eu não vou Tiago.
Papato: Achei já - Continuou pegando meus documentos e me ignorando.
Gabis: Você não vai me ouvir né ?
Papato: Claro que não, já está decidido. - Nesse mesmo momento o Ari entrou no quarto acompanhado do Duncan que eu só tinha cumprimentado de longe no dia anterior.
Duncan: Eu vou com vocês.
Papato: Avisou geral ?
Ari: Avisei, eles vão ficar dormindo.
Duncan: E é melhor porque não vai adiantar nada ir todo mundo. Já avisaram a Patricia ?
Gabis: Não quero que avisem ela.
Duncan: Mas ela é sua mãe Gabis.
Gabis: Não é não - Ele me olhou confuso e o Papato logo se pronunciou.
Papato: É uma longa história, depois a gente te explica.
Gabis: Eu preciso tomar um banho.
Papato: Vai precisar de ajuda ? - Eu ri.
Gabis: Claro que não - Disse ainda rindo e só aí ele percebeu o que tinha falado.
Papato: Não foi na maldade, eu juro - Se explicou com aquela carinha linda.
Gabis: Tudo bem, tudo bem. Eu só vou precisar de ajuda para pegar uma roupa. - O Ari se dispôs a me ajudar, eu fui até o armário, peguei uma roupinha bem básica, ele me ajudou a chegar até o banheiro e eu tranquei a porta.
 Me despi, tomei um banho bem rapidinho e com muita dificuldade, escovei meus dentes, me vesti, calcei minha alpargata, que era a única coisa que eu conseguiria colocar no pé inchado e saí.

  No meu quarto, os meninos já estavam prontos e já tinham chamado um táxi que estava na frente do hotel nos esperando.
Gabis: Gente, o meu filho.
Ari: Melhor não levar ele não.
Gabis: Não vou mesmo, mas tenho que deixa-lo em algum lugar - Ficamos em silêncio - Tem um pet shop pertinho do meu apartamento que tem hotelzinho e a diária é bem baratinha, eu posso deixá-lo lá e depois peço pra uma amiga minha buscá-lo.
Duncan: Então vamos logo porque seu pé pode piorar. - O Papato juntou as coisinhas do Raj em sua bolsinha, colocou-o em sua casinha de viagem e nós descemos.
 Fomos até o pet shop, o Duncan fez todo o procedimento pra mim e depois fomos para o hospital.
Gabis: Eu estou com muita dor - Chorei.
Papato: Nós já estamos chegando. - Eu não fazia ideia de onde estávamos, nunca fui boa com localização e a minha dor estava tão forte que eu não estava conseguindo nem raciocinar direito. - O trânsito só precisa ajudar.
Gabis: Esse horário é tudo muito complicado nessa cidade - Ficamos mais dez minutos naquele trânsito horrível e finalmente chegamos ao hospital. Mas não era aquele, eu não queria encontrar com a Patricia, ainda não. - Não, eu não quero.
Papato: Gabis, a gente já conversou sobre isso.
Gabis: Esse hospital não.
Ari: Porque não ?
Gabis: A Patricia trabalha aí.
Papato: Se formos a outro hospital, seu pé pode piorar e com esse trânsito nós vamos chegar lá amanhã, é melhor encontrar a Patricia do que perder o pé.
Gabis: Ai credo, Deus me livre.
Papato: Vem que eu te ajudo. - Abriu a porta, me ajudou a descer e nós quatro entramos no hospital.
 Pegamos uma senha e nos sentamos para esperar. Uma enfermeira, amiga da Patricia me reconheceu quando passou.
Xx: Gabi ? - Levantei a cabeça que estava apoiada no ombro do Ari.
Gabis: Oi - Fiquei tentando me lembrar o nome dela.
Xx: Você não me conhece não, nem precisa ficar preocupada - Riu. - Te conheço só por foto e de tanto que a doutora Patricia fala, você realmente é uma menina linda.
Gabis: Obrigada - Respondi visivelmente envergonhada.
Xx: Prazer, eu sou a Paloma.
Gabis: Prazer, Gabriela.
Paloma: O que houve no seu pé ? - Perguntou assustada.
Gabis: Eu cai e acho que torci.
Paloma: Meu Deus, a doutora Patricia sabe ?
Gabis: Não - Disse rápido - Eu não queria que ela soubesse, por favor.
Paloma: Tudo bem, eu vou te levar na enfermaria logo e peço pra alguém da recepção fazer sua ficha. - Nós fomos até a enfermaria, ela me deu um analgésico para aliviar minha dor, colocou a minha ficha na porta de um consultório, pediu que esperássemos e nós agradecemos.
 Um tempinho depois o doutor me chamou e só o Duncan entrou na sala comigo, não tinha motivos pra entrar todo mundo.
Doutor: O que está acontecendo com você Gabriela ?
Duncan: Doutor, ela caiu e acho que torceu o pé - Ele se levantou de onde estava e se abaixou na minha frente para mexer no meu pé. A cada mexida que ele dava, eu gritava, aquele analgésico não tinha feito efeito nenhum.
Doutor: Vou pedir um raio x para vermos se tem alguma coisa mais grave, a princípio é só uma torção. - Me entregou a folha do pedido do exame - Depois me tragam o resultado por favor. - Agradecemos e saímos.
 Fomos até a sala de raio x, eu fiz o exame, esperamos até que o resultado ficasse pronto e voltamos a sala do médico.
Duncan: Deu alguma coisa mais grave doutor ?
Doutor: Felizmente não, nenhum osso quebrado, só precisamos cuidar dessa sua torção. Vou pedir pra imobilizar - Eu torci o nariz e ele percebeu que eu não gostei muito. - É melhor imobilizar pra senhorita não mexer esse pé, pode piorar sua situação.
Gabis: Tudo bem. Doutor, tem como me receitar alguma coisa pra dor ?
Doutor: Você tomou um analgésico, não ?
Gabis: Tomei, mas acho que não fez efeito nenhum, eu ainda estou com muita dor.
Doutor: Bom, você não pode ficar tomando muita medicação, vou te receitar só mais uma e se não melhorar, nós procuramos outro meio de aliviar. Tem alergia a algum medicamento ? - Eu não sabia o que responder. Nunca tinha  me ligado nisso, a Patricia como médica, sempre nos medicou por conta.
Gabis: Não - Respondi insegura.
Doutor: Você vai imobilizar o pé primeiro, depois passa na enfermaria para tomar a medicação e já pode ir pra casa - Me entregou uma folha com tudo direitinho para a enfermaria. - Muito repouso e cuidado com esse pé mocinha, nos vemos daqui a duas semanas. - Agradecemos mais uma vez, fomos até a sala de gesso, meu pé foi devidamente imobilizado, passei na enfermaria, tomei a medicação e a enfermeira me pediu para esperar uns dez minutinhos antes de ir embora.
 Ficamos conversando um tempinho e eu comecei a sentir coceiras nas minhas mãos, vi que tinham algumas manchinhas vermelhas mas nem me importei e preferi me distrair, até o Ari me alertar.
Ari: Gabis, o que foi isso no seu rosto ?
Gabis: Não sei, o que ? - Procurei meu celular para olhar mas não achei.
Duncan: Caraca, seu rosto está todo vermelho. - Disse assustado e me entregando um celular para olhar. Realmente, eu estava toda vermelha e já estava inchando, eu tinha alergia a medicação e descobri isso da pior maneira.
Gabis: Reação alérgica. - Mal terminei de falar e o Papato já estava lá na enfermaria pedindo ajuda.
 Uma enfermeira se aproximou e me levou com cuidado para uma poltrona dentro da enfermaria, colocou um acesso no meu braço e eu tomei mais medicação.
Enfermeira: A outra menina me disse que você não queria que chamasse a doutora Patricia mas ela vai ter que saber, desculpa, mas eu não tenho como cuidar dessa reação alérgica sem falar com a sua mãe. - Eu não disse nada e ela saiu, me deixando sozinha com os meninos.
Gabis: Não queria que ela chamasse a Patricia, era só me dar qualquer anti alérgico e eu já melhorava.
Papato: Desde a hora que nós saímos do hotel, eu estou te ouvindo dizer que não é nada e já já melhora. Não é assim que as coisas funcionam Gabis, você está tentando deixar tudo menos grave porque não quer encontrar a sua mãe, só por isso. - Eu fiquei quieta porque sabia que ele estava certo. - Não quero brigar com você, só acho que as coisas estão muito mal resolvidas pra você já sair falando que a Patricia não é sua mãe, ela te criou a vida toda, ela é mais sua mãe do que qualquer outra que te colocou no mundo.
Gabis: Ela nem ficava em casa direito, em todos os lugares que a gente morou, ela vivia dentro dos hospitais.
Papato: Mesmo assim, quando ela estava em casa, ela te ensinava, te protegia, te cuidava e agora parece que você esqueceu tudo isso, jogou tudo fora porque descobriu de mal jeito que ela não é sua mãe biológica, o que na minha opinião, pouco importa. - Eu continuei quieta e a enfermeira entrou na sala novamente.
Enfermeira: Tenho uma notícia não muito boa para te contar.
Gabis: Mais notícia ruim ?
Enfermeira: Você vai precisar ficar em observação até amanhã.
Gabis: Eu vou ficar internada aqui ?
Enfermeira: Sua mãe achou melhor e o doutor também, o seu quarto já está sendo preparado e daqui uns minutinhos nós subimos. A doutora Patricia disse que no horário de almoço vai te visitar.
Gabis: Tudo bem. - Eu estava precisando conversar com a Patricia mesmo, queria saber a história toda antes de tomar qualquer decisão.
 Nós subimos para o quarto, os meninos disseram que precisavam voltar para o hotel mas que antes de irem embora de Santos, iriam me visitar. Eu fiquei pouco tempo sozinha, até a Patricia entrar.
Minha mãe: Tudo bem ? - Eu estava deitada na cama sem conseguir me mexer direito.
Gabis: Tudo indo.
Minha mãe: Eu fiquei tão preocupada com você meu amor.
Gabis: Não querendo ser chata, mas eu prefiro ir direto ao assunto, por favor.
Minha mãe: O que você quer saber ? - Se sentou numa poltrona de frente para a minha cama.
Gabis: Tudo - Pausei - Desde o começo.
Minha mãe: Tem uma coisa que você precisa saber antes, o Leonardo é seu pai biológico.
Gabis: E você ?
Minha mãe: Agora entra o que você quer saber. - Respirou fundo. - Eu tive o Gil muito cedo, não era nem casada com o Léo ainda, totalmente desestruturada, seu pai era um pouco mais velho mas tinha o juízo igual ao meu. Nesse tempo da minha gravidez até seu irmão fazer dois anos de idade, Leonardo e eu vivíamos em pé de guerra, foi um tempo horrível para nós dois - Pausou e encarou o chão, como se tivesse se lembrando de tudo e eu continuei em silêncio. - No meio dessas nossas brigas, nos mudamos para Buenos Aires e seu pai conheceu uma garota num daqueles barzinhos argentinos e acabou me traindo com ela mas até então, não sabia que a tinha engravidado.
Gabis: Ele te traía, você sabia e mesmo assim aceitava ?
Minha mãe: Seu pai não me traía, isso aconteceu uma vez só e olha, hoje eu agradeço porque se isso não tivesse acontecido, eu não teria você.
Gabis: Ou teria, era só você engravidar de novo.
Minha mãe: Eu tinha medo de engravidar mais uma vez, quando eu tinha quinze anos, um médico me disse que eu não poderia ter filhos e se algum dia, viesse a engravidar, a criança poderia nascer com diversas síndromes por conta de um problema que eu tenho nos ovários. Graças a Deus foi tudo normal com o Gil mas nada garantia que uma outra gravidez não traria problemas. - Ficamos em silêncio. - E eu sempre quis uma menininha... - Mais uma vez, seu olhar estava perdido.
Gabis: Mãe, continua. - Ela voltou a me olhar, eu a tinha chamado de mãe sem nem perceber e ela sorriu.
Minha mãe: Eu descobri algumas semanas depois que essa traição tinha acontecido, a princípio quis me separar do seu pai, não éramos casados no papel, só morávamos juntos, seria muito fácil, mas não, eu gostava muito daquele galanteador - Sorriu e eu a acompanhei. - Ele me pediu perdão, nossa relação começou a melhorar depois de anos e eu acabei esquecendo essa história até um belo dia.
Gabis: Quando eu apareci ? - Sorri.
Minha mãe: Exatamente. Seu pai estava no escritório e eu estava dando almoço pro Gil quando alguém tocou a campainha, abri a porta e me deparei com uma menina bem jovem segurando um bebê pequenininho, todo enroladinho num cobertor branco. Ela começou a falar em espanhol muito rápido e eu entendi muito pouco - Riu - Mas logo conseguimos nos comunicar e eu entendi que era com ela que seu pai tinha me traído e o fruto daquela traição era aquela criancinha, frágil e indefesa que ela segurava sem cuidado nenhum. Conversamos um pouco e ela me disse que não queria dinheiro só queria que eu cuidasse da criança como minha filha mas eu não podia aceitar, mesmo com dó, você era fruto do pecado deles e eu não te deixaria na minha casa. Estava com a ideia formada já, até ouvi-la dizer "voy a dejarlo en alguna calle", aquilo partiu meu coração e num impulso eu disse que cuidaria da menina. - Eu sorri.
Gabis: Então se você não tivesse cuidado de mim, só Deus sabe onde eu estaria agora - Dessa vez, o meu olhar é que estava perdido.
Minha mãe: Nesse mesmo dia, quando seu pai chegou, nós acertamos tudo com a sua mãe biológica - Por alguma razão, ouvir a Patrícia se referir a outra pessoa como minha mãe me doía bastante. - E já fomos ao cartório te registrar.
Gabis: Foi ela que escolheu meu nome ?
Minha mãe: Não - Disse indignada, o que me fez soltar uma mini gargalhada. - Quando perguntei se a criança tinha nome, ela me disse que a mãe dela queria que chamasse Valentina María mas que nós poderíamos colocar outro nome, se preferíssemos.
Gabis: Valentina María ? - Perguntei rindo mas ainda com os olhos um pouco rasos, assim como os da minha mãe.
Minha mãe: Lá em Buenos Aires, quase todas as mulheres que tem nome composto, o segundo nome é María e Valentina é até considerável.
Gabis: Mas os dois juntos não combina.
Minha mãe: Realmente, e eu sempre quis uma princesinha Gabriela também. - Ficamos em silêncio.
Gabis: Me desculpa ?
Minha mãe: Desculpar porque ?
Gabis: Por tudo o que eu te disse e pelo que pensei de você, eu nem sequer quis te ouvir e já fui tomando decisões precipitadas.
Minha mãe: Não precisa se desculpar, você estava nervosa e eu também, acho que me machucou muito pensar que eu poderia te perder.
Gabis: Mas não vai, nunca ! Independente de qualquer coisa, você é minha mãe, foi você quem me deu amor, carinho e atenção, você quem me ensinou tudo o que eu sei da vida hoje, você me pegou no colo em todas as vezes que eu me machuquei e me deu colo, até depois de grande, quando fui machucada por outras pessoas e, sinceramente, eu não poderia ter mãe melhor do que você. - Ela já estava chorando mais uma vez, e não vou negar, meus olhos também já haviam se enchido.
Minha mãe: Minha menina - Foi só o que conseguiu dizer antes de me abraçar. - Eu te amo.
Gabis: Eu também te amo mãe. - Desfizemos o abraço. - Agora deixa eu falar, precisava mesmo me internar aqui ?
Minha mãe: Você sabe que eu sempre fui exagerada mas dessa vez, o doutor também achou melhor. - Respondeu rindo.
Gabis: Ele achou melhor porque você deve ter coagido ele. - Também disse rindo e ela fez uma cara de indignação.
Minha mãe: Eu nunca faria isso, só quero o bem da minha filhinha - Disse em tom irônico e eu ri. - E se reclamar eu faço você ficar aqui mais uns dez dias.
Gabis: Não mãe, pelo amor de Deus, você sabe que eu odeio hospital.
Minha mãe: Dois dias passam rapidinho.
Gabis: Dois dias ? A enfermeira me disse que eu ficaria até amanhã só.
Minha mãe: Mudança de planos, vai ficar até sexta-feira.
Gabis: Porque mãe ? - Ela se levantou.
Minha mãe: Mudança de planos amorzinho, eu preciso voltar, beijo, fica com Deus. - Disse saindo do quarto.
Gabis: Mãe - Chamei mas ela fechou a porta.
 Me estiquei um pouco para pegar o controle da televisão e o meu celular que estavam na mesinha ao lado da cama. Liguei a televisão e resolvi mandar uma mensagem pra Boo.

Amiga, você tá ocupada ?
Gabis! Eu to é preocupada com você
Tudo bem?
Agora sim, mas eu vou precisar ficar aqui uns dois dias.
Aqui onde????
GABRIELAAAAAA
ME RESPONDE SUA VAGABUNDA
Calma Bruna hahahahhahaha desesperada hahhahaha
Achei que você já soubesse...
Ontem eu me hospedei num hotel depois que saí lá de casa e hoje de manhã acabei caindo e torcendo meu tornozelo.
Meu Deus!!!! E onde você tá?
No hospital que a minha mãe trabalha
Vocês se acertaram?
Vai ficar dois dias no hospital?
Mas foi só uma torção mesmo?
Porque vai ficar no hospital então?
Bruna hahahahahhaha se você deixar eu terminar, vou explicar tudo direitinho hahahhaha
Desculpa kkkkkk eu sou apressada kkkk continua
Eu tive uma reação alérgica e vou precisar ficar em observação porque a doutora Patrícia é uma exagerada hahaha e sim, nós nos acertamos, depois, com calma eu te conto toda a história.
Por favoooooor! Porque ninguém sabe de nada, depois que você saiu, a tia chorou bastante, eu fiquei bem preocupada.
Agora tudo se resolveu amiga, graças a Deus
Mas eu preciso de um favorzão
Pode falar
Você tá ocupada ?
Não, fala logo menina.
Deixei o Raj naquele pet shop que ele toma banho, você pode pegá-lo pra mim ?
Claro que eu posso, ainda pergunta essas coisas.
Amiga, mas olha, como eu deixei ele no hotelzinho, vai ter que pagar a diária
Você pode pagar pra mim e quando eu voltar pra casa te dou o dinheiro ?
Gabriela, fica quieta, eu vou buscá-lo, pago tudo o que tem que pagar e você fica aí despreocupada.
Ai, eu me sinto mal Boo...
Vai dormir vai
Eu já dormi hahaha
Vai fazer outra coisa então que eu vou buscar meu neném.
Não esquece que o filho é meu hahaha ridícula
Beijo amiga kkkk
Beijo haha obrigada amiga.

 Como eu já tinha acertado tudo, resolvi dormir um pouco porque estava muito cansada. Algum tempo depois cheguei a ver alguém abrir a porta mas estava com tanto sono que mal abri os olhos. Só acordei horas depois com a enfermeira trazendo meu jantar, comi tudo rapidinho, ela me ajudou com o banho e eu voltei a dormir porque ainda estava com muito sono, acho que a medicação que eu estava tomando para a minha alergia era realmente muito forte.


CONTINUA...

Bem, vamos lá. Nessas semanas que eu fiquei afastada daqui, a ideia de "abandonar" a história e parar de escrever passou muitas vezes pela minha cabeça mas não é o que eu quero de verdade. Estou passando por um momento muito difícil na minha vida, meu lado emocional está horrível e eu estou sem cabeça nenhuma para escrever ou fazer qualquer tipo de coisa. Decidi ontem que não seria o certo parar a história assim, do nada, ainda tem tanta coisa para acontecer, quero fazer vocês derramarem lágrimas com os personagens mas também quero fazê-los rir até a barriga doer, poder mostrar essa história que está no papel há dois anos e meio e ver que estou agradando é maravilhoso, mesmo, agradeço sempre cada visualização de página e cada comentário, por isso, não vou parar de escrever mas tenho um pedido a fazer: talvez eu fique longe por mais umas duas ou três semanas e quero pedir para que não desistam de ler, por favor, quando as coisas melhorarem, quando tudo se ajeitar na minha vida, eu vou voltar a postar toda semana e garanto que vocês não vão se arrepender de ter esperado esse curto (eu espero) tempinho.
 Muito obrigada pela compreensão, um beijo enorme em cada um de vocês, fiquem com Deus <3


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Capítulo 37

 Acordei um pouco mais tarde com alguém batendo na porta do meu quarto, abri meus olhos com muita dificuldade e pude perceber que já estava escuro. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a porta abriu e acenderam a luz.
Xx: Ooooi - Foram entrando no meu quarto, a Gi, o Luiz Paulo, a Yah, o Luís Gustavo, o Lucas, o Fernando, o João e a Boo.
Gabis: Meu Deus - Disse assustada.
Gi: Gostou da surpresa amiga ?
Gabis: Eu adorei - Respondi rindo. - Vocês são os melhores do mundo. Eu realmente estava precisando de um carinho - Fiz dengo e eles riram.
Fernando: Continua manhosa - Disse rindo.
Gi: Essa daí não muda nunca. - Também riu e eu mostrei a língua.
Gabis: Vamos lá pra sala.
Boo: Melhor ficarmos aqui, o Gil está jogando e vai xingar todo mundo.
Gabis: Nem sabia que ele estava aí, vamos assistir um filme ?
João: Eu escolho ! - Se manifestou primeiro.
Gabis e Gi: Você não ! - Dissemos juntas e ele levantou as mãos na altura do rosto.
João: Nem falo mais nada também.
Luiz Paulo: Os filmes do João são bons pô.
Gabis: Aaah são ótimos, minha televisão vai sangrar por uma semana.
Fernando: Pelo menos acaba com a bad de uma vez. - Riu.
Gabis: Que bad ? Sei nem o que é isso. - Ironizei.
Luís Gustavo: Dá pra alguém decidir logo ? - Perguntou se deitando na minha cama.
Gabis: Não acredito nessa folga toda Luis Gustavo, não estou acreditando. - Escolhemos o filme, pegamos uns colchonetes no quarto de hóspedes, a Boo, a Gi e o Raj se "apertaram" comigo na minha cama e os meninos se arrumaram nos colchonetes.
 Assistimos a uns três filmes e nem vimos a hora passar, eu estava cada vez melhor, eles me faziam muito bem. Ouvimos duas batidinhas na porta e eu pedi que entrasse.
Minha mãe: Vim ver se vocês estão bem crianças.
João: Estamos ótimos tia Paty, entra aí, assiste um filme com a gente.
Minha mãe: Eu até queria mas tenho que ajudar a dona Rosa no supermercado, depois eu volto e nós assistimos. Vocês querem alguma coisa ? - Negamos. - Eu já volto, o seu pai está lá na sala qualquer coisa Gabriela.
Gabis: Ta bom mãe, obrigada. - Ela saiu e fechou a porta.
Fernando: Tia Patricia podia trazer temaki pra todo mundo né ?
Boo: Verdade, vai lá falar com ela amiga.
Gabis: Vocês são muito chatos, Deus me livre, vou ter que levantar agora - Levantei da minha cama reclamando e fui atrás da minha mãe. Ouvi o Gil conversar com ela no quarto dos meus pais.
Gil: Acho que se ela acabar descobrindo sozinha vai ser pior.
Minha mãe: A Gabriela só vai descobrir se alguém contar. Eu não vou, você vai ? - O silêncio reinou e eu achei melhor não entrar, sempre detestei quem ouve a conversa dos outros mas eles estavam falando de me esconder algo, eu precisava saber e teria que ouvir escondida porque ninguém me contaria.
Gil: Eu só acho melhor contar logo, só isso.
Minha mãe: Mas porque remexer nisso agora ? Não tem necessidade.
Gil: Uma hora ela vai ter que saber.
Minha mãe: Não vai não, nós demos uma vida maravilhosa pra Gabriela até aqui, ela não precisa saber.
Gil: Mãe, como ela não precisa saber ? Claro que precisa, um dia ou outro isso vai vir a tona e ela vai descobrir da pior forma possível que não é sua filha biológica. - Eu dei um passo para trás na hora. Eles nunca me contariam que eu era adotada ? Sempre me achei tão parecida fisicamente com a minha mãe, quer dizer, com a Patricia, não era possível.
Minha mãe: Fala baixo que alguém pode ouvir - Entrei no quarto na hora, eu não iria aguentar ficar quieta.
Gabis: Eu sou - Pausei - adotada ? - Meus olhos se encheram de lágrimas e os dois me olharam assustados.
Minha mãe: Filha... - Seus olhos também ficaram marejados.
Gabis: Você não é minha mãe, pelo que eu entendi.
Minha mãe: Eu sou sua mãe sim - Veio para me abraçar e eu me afastei.
Gabis: Quem é minha mãe ? - Alterei o tom de voz.
Gil: Gabis, ouve o que a mãe tem pra te falar, só ouve.
Gabis: A Patricia não é minha mãe, eu quero saber quem é a minha mãe - Eu já estava gritando.
Minha mãe: Sua mãe sou eu Gabriela - Também gritou, mas a diferença é que ela já estava chorando.
Gabis: Não é - O Gil saiu do quarto sem dizer uma única palavra. - Porque vocês mentiram pra mim a minha vida toda ? - Ela tentou me responder mas eu não deixei - Sempre me achei tão parecida com você e com o Leonardo.
Minha mãe: O Leonardo é seu pai
Gabis: Não é não, vocês não são meus pais e mentiram pra mim, todo mundo sabe a verdade, só eu não sabia - As lágrimas já estavam molhando o meu rosto e eu não tentava mais controla-las.
Minha mãe: Eu sou sua mãe sim e ninguém vai te tirar de mim - Nós duas já estávamos chorando em um estado desesperador.
Gabis: Eu não acredito - Sai do quarto e fui o mais rápido possível em direção ao meu.
Minha mãe: Gabriela me escuta, eu quero te contar a verdade. - Entrei no meu quarto e ela entrou atrás, o que fez meus amigos se assustarem.
Gabis: Não, você vai mentir pra mim, como fez a minha vida toda. - Peguei uma mala no guarda-roupa e comecei a colocar minhas roupas.
Minha mãe: Onde você vai ?
Gabis: Embora dessa casa, quero saber a verdade agora, cansei de mentiras.
Gi: Amiga o que houve ? - Perguntou preocupada e eu a ignorei por não ter condições de explicar. Enquanto eu colocava as minhas roupas nas malas e a Patricia chorava me implorando que a ouvisse, o Gil pediu que meus amigos nos deixassem sozinhas um pouco e eles o fizeram sem questionar.
Minha mãe: Tem certeza que não vai me ouvir ?
Gabis: Não quero te ouvir, não quero ouvir mais ninguém - Entrei no meu banheiro com uma necessaire e guardei tudo.
Minha mãe: Pra onde você vai ?
Gabis: Não sei - Arrumei as coisas do Raj, fechei minhas duas malas, peguei o meu filho no colo e sai do quarto.
Minha mãe: Gabriela, por favor - Foi chorando atrás de mim até a sala de estar onde estavam o meu irmão, meus amigos e a dona Rosa.
Dona Rosa: O que aconteceu meu Deus ? Onde você vai minha linda ?
Gabis: Embora dona Rosa.
Minha mãe: Gil pede pra ela pelo menos me ouvir, por favor. - Disse aos prantos.
Gil: Ouve a mãe Gabis, só ouve, nem precisa falar nada, só ouvir.
Gabis: Eu já ouvi o suficiente Gil - Abri a porta, tirei minhas malas e chamei o elevador. - Depois eu tento explicar tudo pra vocês - Disse me aproximando dos meus amigos, dei um abraço apertado na dona Rosa e somente dei uma olhada para o Gil e a Patricia que estavam juntos e saí com o Raj no colo.
 Desci ainda meio atordoada, pedi para o porteiro chamar um táxi pra mim e me sentei para esperar, mas não fiquei muito tempo, o motorista logo chegou, me ajudou com as malas e eu pedi que ele me levasse ao hotel mais próximo. Durante o trajeto, a imagem da Patricia chorando não me saiu da cabeça, e com isso, começaram a vir lembranças da minha infância, dos nossos raros momentos juntos, em família... A Patricia parecia estar sentindo bastante dor, talvez esteja doendo mais nela do que em mim, mas eu precisava colocar tudo no lugar antes de ouvir qualquer um, as coisas tinham acontecido ao mesmo tempo e eu estava muito confusa.
 Fui despertada dos meus pensamentos com o motorista me avisando que já tínhamos chegado ao destino, limpei algumas lágrimas e agradeci.
Motorista: Não costumo fazer isso, mas você quer ir lá ver se tem quarto disponível primeiro ?Qualquer coisa você volta e nós vamos em outro hotel aqui perto.
Gabis: Muito obrigada moço, obrigada de verdade, posso deixar minhas malas aqui ?
Motorista: Pode sim, depois eu te ajudo com tudo.
Gabis: Muito obrigada, eu já volto. - Deixei a casinha de viagem do Raj em cima do banco e entrei no hotel para falar com algum recepcionista.
 A moça que me atendeu foi muito atenciosa, a princípio não tinha nenhum quarto disponível, mas ela insistiu na procura e felizmente achou. Voltei para o táxi, agradeci o motorista mais uma vez, ele me ajudou com as malas, paguei-o, preenchi tudo do check in e um funcionário se dispôs a subir comigo.
Funcionário: Eu peço desculpas pelo transtorno, tem uma banda hospedada no último andar que estão causando aborrecimentos desde que chegaram e os funcionários estão todos perdidos.
Gabis: Eu imagino, está tudo bem - Ficamos em silêncio e o elevador parou no 14° andar.
Funcionário: Chegamos.
Gabis: Só por curiosidade, qual o nome da banda que está hospedada aqui ?
Funcionário: Olha, agora você me pegou, eu não sei não, mas se você quiser deixar suas coisas no quarto, eu te levo lá.
Gabis: Eu acho que não precisa não, tudo bem. - Entramos no quarto, eu dei uma gorjeta para o funcionário, agradeci, ele saiu e eu comecei a arrumar minhas coisas.
 Coloquei todas as minhas roupas no armário, coloquei o Raj no chão, coloquei sua água, comida e sua caminha ao lado da minha cama e me deitei.
 Eu estava exausta, peguei meu celular para olhar o horário e já eram quase nove da noite, só aí me dei conta de que não tinha comido, eu precisava me alimentar se não ficaria doente. Liguei na recepção e a mulher me disse que o jantar seria servido às nove em ponto, agradeci e fui me arrumar. Tomei um banho rapidinho, me vesti com uma roupa qualquer e ajeitei o cabelo.


 Dei um beijinho no Raj e finalmente desci.
 O salão estava cheio, escolhi uma mesa bem perto da janela e comi tranquilamente. Quando fui voltar para o meu quarto, tive curiosidade e resolvi subir até o último andar e ver essa tal banda. Antes mesmo do elevador parar no 20° andar, eu já estava escutando a gritaria e quando cheguei, tive a confirmação: Cone Crew Diretoria no mesmo hotel que o meu, era muita coincidência.
 Cert e Batoré estavam "brincando" com o extintor de incêndio no corredor, Pedro Amigo com uma câmera, filmando, Rany Money estava rindo encostado à porta de um dos quartos e foi o primeiro a me ver.
Rany Money: Gabis - Gritou e os meninos olharam na minha direção.
Gabis: Oi - Disse sem graça.
Batoré: Papato, olha a Gabis - Gritou e eu me aproximei para cumprimenta-los. Do quarto que o Rany estava encostado, saíram o Ari, o Papato e o Maomé
Papato: Gaaaaaabis - Veio direto me abraçar.
Gabis: Tudo bom ? - Desfizemos o abraço.
Papato: Tudo e aí ?
Gabis: Tudo indo - Não consegui esconder a tristeza. - E vocês meninos ? - Cumprimentei quem eu ainda não tinha cumprimentado. - Vocês sabiam que todos os funcionários do hotel estão falando mal de vocês ? - Perguntei rindo.
Batoré: É o que a Cone Crew faz, terror dos hotéis.
Gabis: Já já são expulsos.
Papato: Melhor parar mesmo Batora, já deu.
Cert: Lá vem Papato dá ordem, lá vem o Papato - Eu ri.
Gabis: Papato está certo, parecem crianças.
Pedro Amigo: Vai lek, chega - Disse dando tapinhas no ombro do Cert.
Gabis: Eu vou descer, só vim ver qual era a banda que estava causando transtorno desde a hora que chegou.
Rany Money: Fica Gabis.
Gabis: Eu vou descer, é melhor, amanhã eu tenho que ir pra faculdade ainda.
Maomé: Então a Cone Crew vai descer com a Gabis - Disse chamando o elevador.
Gabis: Aaaaaaah não - Chorei - Vocês não vão me deixar dormir.
Ari: Você achou mesmo que ia dormir ? - Me abraçou de lado e o elevador chegou. Descemos todos, os meninos super elétricos, na maior bagunça.
 Entrei no meu quarto primeiro e com um super cuidado para não "descobrirem" o Raj, mas foi em vão, Maomé já estava com ele no colo traumatizando meu filho.
Gabis: Vocês vão deixar meu filho assustado. - Não me ouviram. - Eu queria tanto dormir, amanhã tenho que ir pra faculdade.
Papato: Eles não vão te deixar dormir - Disse rindo.
Gabis: Eu sei. - Choraminguei mais uma vez.
Papato: Quem vai dormir aqui com a Gabis ? - Perguntou para o Pedro Amigo, que pelo visto, além de mim e do Papato, era o único sóbrio.
Pedro Amigo: Fica você, o Ari e o Maomé.
Gabis: Não precisa gente, eu durmo aqui sozinha mesmo.
Papato: Não, a gente te faz companhia. - Me deu um mini abraço.
Gabis: Fiquem a vontade - Me deitei na cama. - Só não destruam o meu quarto e nem matem o meu filho, por favor.
Pedro Amigo: Melhor fechar essa porta.
Papato: Também acho. - Eles fecharam a porta e eu peguei meu celular. Tinham algumas ligações perdidas da Patrícia, do Leonardo, do Gil e da Boo, preferi não retornar ninguém. Respondi algumas mensagens do João e da Gi só com o básico, sem prolongar muito o assunto e bloqueei meu celular.
Gabis: Eu acho que vou dormir. - O Ari estava na cama comigo, o Papato estava sentado na poltrona perto da janela e os outros meninos estavam no chão.
Papato: Geral vai dormir aqui embaixo ?
Rany Money: Eu vou dormir no meu quarto.
Batoré: Eu vou dormir no seu quarto também. - Fez voz de mulher, o que nos fez rir.
Pedro Amigo: Eu já vou subir, quem for dormir lá em cima, vem comigo.
Rany Money: Vem comigo vem, vem comigo vem - Cantou e dançou na porta do quarto.
Pedro Amigo: Vai logo - Disse rindo. O Batoré, o Cert, Rany Money e o Maomé subiram e o Ari e o Papato dormiram comigo para me fazer companhia.
 Antes de dormir, contei por cima para os meninos, tudo o que aconteceu e, sem querer, deixei cair algumas lágrimas. Peguei no sono já eram quase duas da manhã, minha cabeça estava explodindo de pensamentos bons e ruins, estava tudo confuso e misturado e eu precisava organizar, só não sabia como e nem por onde começar, sozinha eu não conseguiria.
 Meu celular despertou pontualmente às seis da manhã, coloquei no soneca vinte minutos e seis e meia resolvi levantar. Tentei não me mexer muito para não acordar o Ari que estava com os dois braços em cima de mim, levantei com muito cuidado para não fazer barulho mas fracassei. Assim que coloquei os pés fora da cama, pisei na minha rasteirinha que escorregou no piso de madeira (bendito piso de madeira !) e eu fui direto pro chão; os meninos acordaram assustados com o barulho.
Papato: Gabis ?
Gabis: Oi - Respondi em um gemido. O Ari, que estava mais perto, olhou na minha direção e quando me viu no chão se levantou para me ajudar.
Ari: O que aconteceu ?
Gabis: Eu escorreguei na minha rasteirinha. - Me apoiei nele e levantei, mas quando coloquei meu pé direito no chão senti uma dor tão grande que desequilibrei e ele me segurou.
Ari: Você não consegue apoiar o pé ? - Neguei e o Papato se aproximou preocupado.
Gabis: Meu tornozelo está doendo muito. - Chorei e eles me sentaram na cama.
Papato: Acho melhor irmos para o hospital.
Gabis: Eu não quero.
Papato: Você não tem querer, é pior que criança, nós vamos sim, vou avisar o resto dos moleques.

CONTINUA...

Amores, eu juro que dessa vez a culpa não foi minha hahaha O capitulo estava pronto desde sexta-feira mas eu estava sem internet em casa, até tentei postar pelo celular, usando o meu 3g mas ele é horrível e o capítulo é muito pesado :/ Mas agora tudo voltou ao normal e os capítulo vão continuar sendo postados nas madrugadas de sábado. 
 Espero que tenham gostado do capítulo, me perdoem a demora, QUERO COMENTÁRIOS por favor haha Beijão e fiquem com Deus <3